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terça-feira, 23 de junho de 2015

Falta de cultura desportiva: o mal do taekwondo brasileiro

Marcus Rezende




Por que as federações de taekwondo no Brasil não se desenvolvem e qual seria o verdadeiro papel destas entidades no gerenciamento desta modalidade Olímpica?
Depois de anos vendo diversos absurdos acontecerem no taekwondo brasileiro não é difícil entender o motivo pelo qual dirigentes estaduais encaram a entidade de administração como uma propriedade deles. Impressionante também como acreditam que o taekwondo no Estado os pertence.
A falta de cultura desportiva faz com que tais dirigentes acreditem não existir vida no taekwondo fora das federações. E aí se espantam quando descobrem alguns mestres cheios de alunos que nem lembram da existência destas entidades. E se surpreendem quando percebem que os adeptos não filiados (alheios ao sonho Olímpico) querem mesmo é treinar a arte marcial. E que, mesmo quando querem competir, o fazem em eventos dos mais diversos, longe do poder que a federação acha que possui.
Nesta ilusão, os dirigentes tupiniquins vão administrando uma modalidade apequenada e tacanha, acreditando que os professores e mestres não se sustentarão longe deles.
O problema é que na direção de uma entidade está sempre um mestre acostumado a mandar. Daí, ele acha que tem o papel de mandatário do taekwondo no estado. Ele não consegue admitir a falta de poder. Ele não consegue entender que precisa servir e não ser servido. Daí ele se fecha em um mundo pequeno, só dele, achando que é grande, porque a CBTKD reconhece a entidade como a única  representante do taekwondo naquele estado. Todavia não tem a capacidade de interpretar que esta representação se dá tão-somente no âmbito da CBTKD.

Como teriam de agir? 

Em primeiro lugar entendendo que seu papel principal não é o de realizador somente de campeonatos, tampouco de formador de atletas; sim o de fomentador da modalidade. Mas o que seria isso? Muitos desses dirigentes infelizmente nem sabem o significado da palavra fomento.
Não procuram utilizar a força da pessoa jurídica que possuem para abrir espaços no sentido de tornar conhecida a modalidade em todas em suas vertentes.
Trabalhando nesta seara, o administrador de uma federação conseguiria dar visibilidade a modalidade e aumentar o número de praticantes. Mas como fazer isso?
São tantas as possibilidades, que seria preciso muitas páginas a escrever. Hoje, tornou-se muito mais fácil fomentar em razão da tecnologia nas comunicações. Um exemplo, entre muitos, seria o dirigente levar o taekwondo onde o povo está. A federação poderia criar um grupo de conselheiros para estabelecer ideias para esta filosofia.
Hoje em dia, o professor fica esperando alguém entrar em sua academia, conhecer as características da modalidade por meio da aula e se apaixonar pela beleza do taekwondo. E quem ensina sabe o quanto é difícil isso ocorrer da forma desejada. 
 A federação poderia encurtar este caminho e fazer com que esta pessoa chegue à academia já sabendo o que vai ver, tendo em vista ações de fomento perpetradas por ela.
Apresentando um trabalho bem alicerçado, logo de cara, a federação começaria a ganhar credibilidade junto a professores e mestres. Esse profissional que vive do taekwondo passaria a reconhecer que o aumento no número de alunos deveu-se ao trabalho da entidade, mesmo ainda não estando filiado a ela. E, daí por diante, uma coisa chamaria a outra.
O que ocorre hoje em dia é que as federações não fazem nada a esse respeito e buscam na política do medo levar ao profissional o entendimento errado de que se ele não se filiar será considerado clandestino e que as autoridades poderão fechar o seu estabelecimento. E muitos acreditam nisso.
Tem dirigente que, por ser um mestre praticante, conhecedor profundo da modalidade, quer estabelecer as suas metas técnicas à comunidade taekwondista de seu estado, desconsiderando as limitações de alguns destes profissionais. Muitos acham que sabem mais do que os outros e que, por estar no comando, se obrigam a estabelecer diretrizes de treinamento e exames de faixa. Criam seminários, cursos e o tornam de participação obrigatória.
Não veem que tais atitudes só afastam os professores e mestres. Assim sendo, o sujeito que ensina e que possui um pouco mais de esclarecimento, nem dá bola para tais absurdos e vai cuidar da vida. Quantos no Brasil não estão nem aí para as entidades?