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quinta-feira, 13 de junho de 2013

E no estádio alguém pergunta: O que está acontecendo?

A matéria abaixo foi publicada no site MasTaekwondo.com por Beatriz Rodriguez, que avalia uma matéria do New York Times sobre o Taekwondo nas Olimpíadas de Londres 2012.

Tentei manter, ao máximo, o texto na íntegra, dando apenas alguns retoques para uma melhor compreensão do leitor do blog;


O que está acontecendo? é o título de um artigo publicado no New York Times, logo após os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, o que significa, segundo a WTF, um estrondoso sucesso de Taekwondo em sua história.
A Globalização do Taekwondo teve sua melhor evidência em Londres 2012, com medalhas de ouro distribuídas entre oito países diferentes, ainda com supremacia coreana neste esporte, mostrado em eventos olímpicos anteriores.

No entanto, este artigo toca em um ponto importante e que não devemos deixar de lado, especialmente nestes tempos em que ouvimos e lemos sempre, que um dos objetivos de curto prazo é transformar o Taekwondo WTF em um esporte de massas, com uma impressionante cobertura da mídia e, assim, conseguir mais patrocinadores. O que acontece com esse público a quem você quer alcançar? Você entende os detalhes e protocolos do esporte extremamente difíceis para não-especialistas?

Vamos fazer viagem de volta ao ginásio Excel, sede de esportes de combate em Londres 2012. Os estandes estão totalmente lotado e todo mundo está atento ao que acontece na área de combate. No entanto, Sara Basharmal, uma espectadora, está confusa porque não entende por que o árbitro sempre separa os dois atletas e grita em um idioma que ela não consegue decifrar. Parece que são instruções aos lutadores para em seguida deixá-los lutar outra vez. "Eu acho que é porque ele acha que foi um erro e, em seguida, percebi que ... e deu um ponto ... Ou não foi?" Diz Sara.

Por outro lado, Andrew Whenman, não entende o que significam as "letras e sinais que aparecem nos placares." Alguns se parecem com um "T" e outros sinais não entendo. "

"Não, eu realmente não entendo nada", diz Muriel Varella, quando questionado sobre sua opinião sobre a batalha entre um brasileiro e um iraniano que acaba de terminar.
(A luta em questão é de Diogo Silva contra Mohammad Bagueri, que terminou em um empate.) Em seguida, um painel de três juízes declarando o vencedor com base nos movimentos técnicos do atleta durante o combate. "Você viu o que aconteceu?-Ela diz a seu marido -, o juiz disse que o cara do Irã ganhou. Ele responde: se houve um empate, não teria que ter uma quinta rodada, para que o júri decidisse"?
Sem rodeios, o artigo do New York Times expressa que se há um esporte projetado para causar confusão máxima entre as pessoas comuns que frequentam os Jogos Olímpicos, este esporte é o Taekwondo.
Vamos analisar em detalhes alguns dos aspectos que podem confundir as pessoas que não conhecem este esporte ancestral nascido na Coréia.

É um esporte que tem protocolo longo e muitos rituais. Basicamente, existem dois atletas no tatame usando capacetes de proteção e coletes onde o atleta tenta chutar para marcar os pontos. Ocasionalmente, os atletas tentam bater na cabeça. Como quase todos os outros esportes, o taekwondo tem o seu próprio vocabulário, seus costumes e suas idiossincrasias. No entanto, a maioria dos outros desportos são fáceis de compreender, pelo menos de forma rudimentar.

No taekwondo há cerimônias intermináveis. Exemplo: ​​quando um treinador pede tempo para analisar as ações ou revisões dos vídeos. É demorado. Enquanto isso, tudo o que os telespectadores vêem é o árbitro caminhando para o treinador que pediu a revisão. Ele inclina-se na frente dele e ele dá ao juiz uma espécie de cartão colorido. O árbitro caminha de volta para o centro e retira o cartão. Em seguida, caminha em direção a uma mesa onde estão três personagens. O juiz entrega o cartão, mas não antes de fazer reverência apropriada. Em seguida, essas três pessoas, a cuja função no evento o público desconhece, decidem atender ou não o pedido do técnico.

Joonbi! - Grita o juiz central... e Shijak, diz complementando, momento em que os atletas voltam a lutar.

"Eu acho que eles estão dando instruções para iniciar", diz Whenman, que havia dito anteriormente que ele não entendia os sinais em placares eletrônicos.

George Meredith Hardy, que atuou como Produtor Geral do Esporte no ExCel, diz que parte do trabalho de alto-falante no ginásio estava tentando explicar (ao público) e telespectadores o que realmente estava acontecendo na aréa de luta. "Queríamos educar os espectadores e certificarmo-nos de que eles entendiam o que estava acontecendo na luta. No entanto, os presentes não entendiam as particularidades e desafios do taekwondo. Hardy continuou: "porque às vezes você vê um chute que dá a certeza de um ponto ao atleta que o executou, porém, nada."

Esta confusão deve levar-nos a questionar se o Taekwondo é realmente um esporte emocionante de assistir, não para os conhecedores, mas para as pessoas em geral.

A WTF tem sido muito pró-ativa em questões de inovação. Lembre-se que nos últimos oito anos, as reformas introduzidas no esporte o levou a um nível muito elevado, no entanto, sem dúvida, há espaço para melhorias.

Em relatórios recentes, o masTaekwondo.com detalhou o longo caminho percorrido pelo Taekwondo para se tornar um esporte popular e bem sucedido na área esportiva, social e cultural.

O sucesso em Londres em 2012 deveu-se em grande parte ao sistema de pontuação e proteção eletrônica, embora para Andrew Whenman, ter sido algo incompreensível. Este sistema praticamente acaba com decisões subjetivas dos árbitros. Além disso, os três pontos por pontapé (simples) na cabeça ainda desafiou os atletas.

Todo mundo estava feliz e satisfeito com os resultados e as mudanças positivas, dizendo que as novas regras, traziam ​​lutas mais emocionantes e com finais espetaculares. No entanto, não foi suficiente para emocionar Sara, Andrew e Muriel, que representam a grande maioria das pessoas que são meros espectadores Taekwondo e fãs de esportes.

O próximo desafio para o nosso esporte é gerar entusiasmo e compreensão. A WTF está apostando no Grand Prix. Esperemos que chegue ao topo e que uma senhora, na Colômbia; um homem em Jacarta e um jovem na Guatemala, possam igualmente ao ver Jade Jones, Brigitte Yague ou Carlo Molffeta desferirem um neryo Chagui ou mondollyo Chagui, entendam da mesma forma quando vêem Messi marcar um gol, Federer fazer uma jogada espetacular ou James colocar uma cesta incrível em finais da NBA.