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segunda-feira, 5 de março de 2012

Carlos Loddo, o maior de todos

Marcus Rezende

Hoje quero prestar uma homenagem aos grandes atletas de taekwondo do Brasil das décadas de 70 e 80, época em que o taekwondo competitivo não diferia muito da arte marcial.
Tínhamos grandes lutadores e entre tantos dos anos de 1970, alguns foram simplesmente fantásticos. Entre eles estão: Edson Bernardes (RS), Flávio Molina (RJ), André Maurício (DF), Rodney Américo (RJ) e Luís César (RJ). Outros, também muito bons, poderiam ser mencionados. Mas estes guerreiros sobreditos demonstravam uma competência que saltava aos olhos.

Na década de 80, poderíamos destacar outros tantos, como: In Kyu Lee (RS), Eduardo Falcão (PE), Milton Iwama (SP) e Adalberto Pajuaba (MG). Mas ninguém se comparava a Carlos Eduardo Nogueira Loddo (DF), o Caroço, que ainda menino vencia o seu primeiro Brasileiro em 1979, no
Rio de Janeiro.
Quem viu Caroço lutar sabe bem o que eu estou dizendo. Ele venceu todas as competições nacionais de que participou, até o ano de 1986, quando parou de competir. Foi Bronze da Primeira Copa do Mundo de Taekwondo e só não foi à final porque sofreu uma séria lesão no
joelho, quando vencia facilmente (na semifinal) o atleta egípcio. Ele subiu ao pódio de muletas.
Lutar contra Caroço não era tarefa simples. Não por uma questão tão-somente de perder por pontos, mas sim por se saber que ao final do combate, além de derrotado, se estaria machucado. No Brasileiro de 1984, em Goiania, o atleta do Rio, Alexandre Araújo (de técnica muito refinada), depois de ter enfrentado Caroço, assim comentou: “Esse cara é uma máquina de bater”. Alexandre lutava muito bem, mas não conseguia acompanhar a força e potencia dos golpes de Caroço. No ano seguinte, 1985, no Brasileiro em MG, eu, além de atleta do RJ, até 58 kg, também fiquei como técnico do adversário de Caroço. O lutador do Rio, após receber um soco no tronco, voltou-se para mim com a mão no pescoço como se o golpe tivesse atingido a traqueia. Enquanto eu o acudia, dando pequenos golpes em suas costas, ele sussurrava: “Não foi no pescoço, não... foi no peito; eu estou apenas recuperando o fôlego”. Ele diria depois: "nunca recebi um soco tão forte".
Dentre tantos feitos, ninguém até hoje, pelo menos que eu tenha visto, colocou tantos adversários sentados no colo dos árbitros laterais, com tui tchaguis, como Caroço.
Esse pequeno texto é uma singela homenagem àquele que foi o maior lutador de taekwondo que já vi lutar e que a história do taekwondo não pode esquecer.