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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um resumo do escárnio dos Exames no Brasil

O taekwondo chegou ao Brasil em 1969, em Cruz das Almas, Bahia, pelas mãos do mestre Jung Do Lin. Os coreanos detentores do saber da modalidade foram chegando na década de 70 e se instalando por todos os cantos do país e abrindo suas academias para o ensino da arte marcial. Paralela ao ensino, foi trazida também uma instituição chamada exames de faixa. O aprendiz pagava para aprender a modalidade, mas se quisesse trocar de faixa, precisaria dispor de recursos para honrar com honorários dispensados a estes mestres que o examinaria a uma nova graduação. Tendo em vista o fato de serem estrangeiros e dedicarem a vida unicamente ao ensino de uma modalidade para cujo desempenho físico após 30 ou 40 anos de profissão não seria mais a mesmo, o exame foi uma boa sacada no que visava formar um pecúlio para a aposentadoria desses mestres, desde que isso fosse calcado em forma distributiva correta desses honorários, cujos percentuais contemplassem de forma gradiente todos os que passassem a ensinar, independentemente da graduação que possuíssem. Se assim o fizessem, hoje, na casa dos 70 anos, estariam recebendo percentuais pequenos de todos os discípulos e nenhum deles se negaria a dispensar ao velho mestre o percentual que lhes coubesse. Isso porque um mestre de idade mediana, hoje, será também, no futuro,um velho mestre. Agora imaginemos quantos faixas-pretas foram formados pelos grão-mestres Jung Roul Kim e Yong Min Kim.

Nunca quiseram distribuir a renda

No início os coreanos eram os únicos em condições de examinar e os únicos a receber tais honorários. À medida que os alunos iam se tornando faixas-pretas e, conseqüentemente, novos fomentadores da modalidade, os coreanos introdutores fortaleciam esta instituição, pois aumentavam sobremaneira o montante a receber dos alunos dos alunos. Os novos instrutores brasileiros, apesar de ensinar, não podiam examinar por força da baixa graduação. Por conta disso, não recebiam um tostão de honorários.
No decorrer da década de 70 e já chegando aos anos 80, quando alguns instrutores começavam a achar injusto este tipo de conduta, o discurso dos introdutores coreanos era o de que para receber honorários, somente se fossem mestres 4º dan. Essa condição somente os coreanos possuíam. Com a criação das federações e da CBTKD, e também com a formação dos primeiros mestres brasileiros (os quais teriam a sonhada autonomia), atrelaram o exame de faixa ao estatuto das entidades e criaram um regulamento para poder dizer quem teria ou não capacidade de examinar no Brasil. Deram uma carta branca aos presidentes das federações para que indicassem os examinadores de seus estados. Os presidentes eram alçados a condição de grão-mestres e passavam a indicar a si mesmos para serem os donos do pedaço. Os demais mestres, por sua vez, ficavam impedidos de examinar seus faixas-pretas a não ser com autorização do presidente. Uma brincadeira!!!

5 comentários:

Túlio Escobar disse...

É Mestre. É uma pena ver que, ainda nos dias de hoje, esse tipo de absurdo acontece. E o pior: ninguém move uma palha pra resolver tal situação. :S

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Pois é, cada um com uma opnião... Eu acho cada um planta o fruto do próprio trabalho, muitos mestres coreanos usam sim dessa meio para obter receitas, porém outros são totalmente integros, tiram seu sustento de outro setor a n ser tae kwon do, como é o caso do Grão Mestre Jung Do Lim, que sobrevive de acupuntura. Em parte concordo com vc, porém existem lá suas excessões. Mestres, Grão Mestres, sejam eles brasileiros, coreanos ou de qualquer outra nacionalidade trata essa arte marcial possuidora de uma linda filosofia como uma INDÚSTRIA, fato lamentável. ALGUMAS Entidades, Associações, Clubs, Federações não cumprem o juramento do TKD: NUNCA FAZER MAU USO DO TAE KWON DO... É ai que está o problema meus colegas... Os iniciantes, mestres e afins do TKD esqueceram da verdadeira essencia dessa arte marcial filosófica e muitos não querem ser CAMPEÕES DA LIBERDADE E DA JUSTIÇA... Agora só se importam com o capitalismo selvagem. Porém eu estou lutando para me tornar um campeão da liberdade e da justiça e seguir sempre o juramento que fiz ao TKD, aos meu professores, mestres e alunos... Alunos, uma honra tê-los, um privilégio guiá-los e Prazer em aprender com eles...

Obrigado e espero que jamais deixemos de lado os valores e princípios que o TDK agrega e nos ensina

8run0 disse...

Olá ms. Marcus,
Concordo com boa parte das suas reflexões (na verdade, pelo tempo q conheço o TkD, acho q falta essa visão crítica do esporte, desprendida e independente).
Ainda não tenho clareza sobre como as coisas se organizam por aqui, mas me parece que temos uma instituição familiar e com concessões vitalícias de poder e decisão. Isso é ruim pra todos e até mesmo para a entrada de novos praticantes.
t+,