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domingo, 30 de novembro de 2008

Opinião sobre exames de faixas

Marcus Rezende

O instituto exames de faixa no Brasil se constitui em uma das maiores vergonhas do taekwondo brasileiro. O quê acontece pelas bandas tupiniquins não existe em nenhum país desenvolvido do mundo e mesmo nos subdesenvolvidos.
Só no Brasil um sujeito se torna presidente de uma federação e detentor dos exames de faixas de todos os faixas pretas. Um dos maiores absurdos que pude já testemunhar ocorreu há cerca de dois anos quando o presidente da Fetesp, Yeo Jun Kim, esteve no Rio querendo conversar comigo acerca de um artigo que escrevi no site TKD Livre (que por sinal é o único site no Brasil que tem a coragem de falar a verdade sobre a realidade do taekwondo brasileiro). Ele entendia que realmente deveria ser o responsável pelos exames de todo mundo em São Paulo, visto que era o único 7º Dan do estado. Dizia-se muito chateado com um mestre de lá, 6º Dan (não vou citar o nome), pelo fato de ele não ter levado ao exame, promovido pela entidade, 14 faixas pretas dele. O que me deixou mais perplexo é que Yeo Jun explicou que só iria cobrar desse mestre 6º Dan apenas 20% do valor da taxa.
Eu simplesmente não estava acreditando no que ouvia e disse a ele o que pensava. Para mim, na verdade, esse mestre não teria porque dar a ele coisa alguma. Mas ele insistia no fato de ser o único 7º Dan no estado. Pois bem, continuamos a conversar, mas ele parecia não entender muito bem o meu ponto de vista.
O caso paulista é o mesmo da maioria dos outros estados e que parece estar longe de acabar.
Na década de 70 e até o final dos anos 80, quando os mestres coreanos com seus 5º e 6º dans, eram absolutos em tudo o que faziam no Brasil, os professores formados não levavam um tostão das taxas de exame de seus alunos. Toda a arrecadação ia diretamente para os mestres. Lembro-me do mestre Shin Hwa Lee chegando ao Brasil com seu 4º Dan e com total autonomia perante seus alunos. Hoje, quando os brasileiros atingem graduação de 5º e 6º Dan, encontram a barreira insana que é a das federações (com seus presidentes) impedindo-os que examinem seus próprios alunos.
A justiça em nosso país somente se manifesta se for provocada e é por isso que os absurdos vão acontecendo, pois ninguém a provoca. Mesmo de forma ilegal, revestida de legalidade por força de regulamentos forjados ao arrepio da Constituição do país, se as pessoas não provocarem a justiça, ela vai ficar lá, quietinha, como se nada estivesse acontecendo.
Enquanto isso, por falta de conhecimento de causa, os professores vão levando o seu rebanho para alguém, que é presidente de uma federação e que se auto-intitula examinador oficial do estado.

3 comentários:

Márcio Humberto disse...

É simples mestre Marcus, existe uma coisa chamada Ministério Público. Esse dinheiro não é doação é pagamento para entidades sem fins lucrativos.
Abre inquérito desta arrecadação e provem para onde vai o dinheiro.
Pelo que eu sei a entidade continua CBTKD pobre, tem pessoas intituladas mestres que moram de frente para Lagoa Rodrigo de Freitas no RJ. Outros na Oscar Freire em SP. Como outros que arrecadam e não prestam contas com suas federações estaduais. Os atletas continuam na mesma.
Aquela velha frase: Mudam os atletas e os cartolas são sempre os mesmos.
Ministério Público.
Eles estão pegando dinheiro do povo e não prestando contas.
Abraço

Jardson Bezerra disse...

A acertada opinião tanto do autor blogueiro Mestre Marcus Resende (que a propósito foi quem me ensinou os primeiros movimentos do TaeKwonDo, nos idos da década de 80) quanto da opinião do comentarista Márcio, só peca num detalhe, qual seja:

As entidades do terceiro setor, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que no caso sob análise, são as Federações e a Confederação de TaeKwonDo, NÃO estão impedidas de terem superavits, ou seja, ganho financeiro.

Importa explicar que a caracterização do lucro nas entidades do terceiro setor se dá na destinação daquele ganho pecuniário.

Em resumo, o ilícito ocorre, não pelo ganho financeiro, mas sim, pela destinação desse dinheiro, no momento em que aquele ganho não é revertido integralmente para o objetivo social da entidade.

Podemos, juntos, dar um basta e mudar essa triste realidade que prejudica centenas de professores faixas-preta de todo Brasil.

Dr. Jardson Bezerra
Advogado, Jornalista, Professor Universitário, especialista no terceiro setor. Atleta, faixa preta, desde 1982. Diretor Jurídico da FTKDERJ

TkdSociety.org disse...

Saudações Taekwondistas...
aos irmão de faixa e arte quero deixar o meu apoio sobre os exames de faixa.

Lembro que quando conheci o tkd em agosto de 1985 na periferia de recife, sonhava em ser um faixa preta. baseado no juramento e no espirito do tkd que recitavamos no inicio de no final dos treinamentos. enfim, cheguei a faixa preta mas ela ja não tinha o mesmo brilho pois o cenário está confuso. a meta de preta que já passará para o 4ºdan (MESTRE) agora aponta para o 6ºdan... eu eu que ainda estou no 2º??? quem sou eu? nada?? até o cref quer mandar...
Pois bem, nos meus recem chegados 37 anos, ainda quero lutar. e vou lutar pelo direito de ser faixa-preta. e se sou eu que pago o aluguel da minha academia, agua, luz, telefone... faço panfletos, vou na porta das escolas, divulgo, converso, convido e trago alunos para minha academia... dou treinamento, preparo-os, crio campeões de corpo, mente e espirito. eu tenho o poder de ditar suas novas graduações. e como um digno faixa-preta de tkd. deveria ser reconhecido e acatado pelos outros irmãos mesmo mais graduados. e meu mestre, ou qualquer outro mestre. deveria contentar-se com minhas mensalidaes... se me ensina a altura, que cobre mais se for o caso, e se for valido... pagarei.
Não me conformo, se trabalho tanto... como posso levar meus ganhos para o bolso de um outros se muitas vezes nem sabem meu nome.

Meus irmãos, será que precisamos de outras LIGAS? de outros YeoJIN's

contato@tkdsociety.org